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BNCC#03 Currículo e Participação da sociedade

Currículo e Participação da sociedade

No primeiro artigo, falamos sobre concepções amplas acerca da Base Nacional Comum Curricular e, no segundo, abordamos as dez competências e os princípios da igualdade, equidade e diversidade. Neste artigo, vamos falar sobre currículo e participação da sociedade.

Iremos elencar as características próprias deste documento de caráter normativo que regulamenta as aprendizagens mínimas a serem aplicadas em todo o país.

A BNCC e os currículos identificam-se na comunhão de princípios e de valores que, como já mencionado, orientam a LDB e as DCN’s. Sendo assim, a base nacional comum curricular não é algo novo, pois ela já estava prevista nas DCN’s, na LDB e na Constituição Federal.

Como dissemos na aula anterior, a base foi implementada para que os sistemas de ensino pudessem elaborar seus respectivos currículos visando à formação do indivíduo, considerando as concepções e competências previstas dentro da BNCC.

Dessa maneira, percebe-se que a educação tem um compromisso com a formação e com o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica.

Sobre Currículo

Há um ponto que você precisa entender e vamos esclarecer. Existe uma crítica recorrente afirmando que a base irá engessar os currículos, resgatar um caráter normativo e tradicional do currículo e que não será possível flexibilizar, de acordo com as especificidades da escola e do sistema de ensino.

Essa é uma visão errada. A base não foi implementada para trazer um retrocesso ao currículo tradicional, pois a ideia é manter um currículo crítico, já que não há uma estrutura rígida, mas sim, garantir o mínimo. Por isso, a BNCC foi amplamente discutida sobre quais os aspectos do mínimo deveria estar descrito.

Neste sentido, a base é aliada ao sistema e caracterizada pelo que está inserido na proposta da escola. Isto é, quando a escola está no processo de construção do currículo, deve primeiramente considerar a base, seguir as orientações do currículo de seu sistema de rede e considerar as características na especificidade do estabelecimento.

Seguindo estes três passos, é possível construir um currículo contextualizado, que faça sentido para o aluno e para a comunidade em que ele está inserido. Por isso, não há como ver a base como maior do que o currículo da escola, mas sim, uma parte dele.

Participação das famílias e sociedade

A BNCC prevê, ainda, a participação das famílias e da comunidade. Tenha em mente que a aprendizagem não acontece sozinha, ou seja, não ocorre apenas dentro da escola. O conhecimento adquirido só faz sentido se influenciar fora da unidade escolar.

Assim, a base se materializa quando acontece a participação, a transversalidade, as disciplinas trabalhando de forma interdisciplinar e quando ocorre uma relação com o contexto, há presença de gestão democrática e formação continuada.

Dessa forma, a base passa a ser mais do que apenas um documento e se materializa por meio do desenvolvimento das competências quando há junção de todos os elementos através da participação. A diferença é que a base terá um peso maior, no sentido do que é essencial a todas as comunidades do país, ou seja, cada comunidade, com sua realidade e especificidade, precisa ter o mínimo da qualidade de ensino que se espera das demais unidades escolares.

Esse nivelamento é importante, por exemplo, para que as avaliações de larga escala sejam normatizadas, aumentem os vestibulares e a formação dos professores seja orientada, pois tudo isso será fundamentado pela base.

As decisões que resultam de um processo de envolvimento e participação das famílias e da comunidade, referem-se, entre outras ações, a:

  • Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas;
  • Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem.
  • Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.;
  • Conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;
  • Criar e disponibilizar materiais de orientação para professores, bem como manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem;
  • Manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino.

Resumindo: o que você precisa saber sobre currículo e participação da sociedade

A ideia de motivar o aluno e engajá-lo está diretamente ligada às práticas sociais, por isso, há o entendimento de um currículo vivo em que as competências sejam alcançadas pelos alunos e materializadas na prática.

Nesse sentido, é inviável falar sobre processo significativo sem abordar avaliação. E a avaliação esperada, atualmente, deve ser formativa no sentido de que acompanhe e seja processual.

Além disso, o processo de ensinar e aprender está em constante mudança, por isso, é importante estar atento à inserção das tecnologias de informação, pois faz parte da contextualização dos alunos.

A contextualização com o mundo tecnológico, após a homologação da base, não permite que o professor continue com o mesmo plano de ensino, pois as competências que precisam ser desenvolvidas também são alteradas.

Sendo assim, não há como se falar em qualidade de educação, equidade e direitos mínimos de aprendizagem se o professor não for devidamente formado e, ter garantido, o modelo de gestão democrática. Essas são duas considerações que devem estar propostas dentro do currículo de cada escola.

Todas as decisões citadas, de acordo com a BNCC, devem ser utilizadas pelos estabelecimentos de ensino, a fim de que as competências da base sejam alcançadas em todas as modalidades, exceto na educação profissional.

Fique à vontade para assistir a aula sobre currículo e participação da sociedade:

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